segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Ex-JB

Sílvia Helena*

30 de agosto, almoço na Fiorentina com a galera do Jornal do Brasil de 30 anos atrás. Ao rever as pessoas, revivi com emoção um tempo passado, quando a gente, nós todos que estávamos ali, achávamos o jornalismo uma coisa muito legal de se fazer. Um meio honrado e honroso de se ganhar a vida. Olhando para trás, foi um privilégio ter participado daquele grupo, daquela redação - que hoje me parece tão extraordinária.

Por que? Não vejo mais no Brasil - talvez alguma exceção? - um espírito profissional como o que tínhamos:

- lealdade, que se chamava de "patota", "panela", e que se resumia a uma coisa que eu acho cada vez mais bonita e que simplificadamente se pode definir como "o amigo do meu amigo é meu amigo; o inimigo do meu amigo é meu inimigo";

- disposição para procurar uma boa história.;

- orgulho de um bom texto;

- compromisso com a defesa de idéias.

Isso, que não é pouco, parecia apenas normal.

Acabou. Não interessa procurar as razões: seria um exercício em vão. Chega de saudade.


* Sílvia Helena é jornalista e escritora.

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3 comentários:

Unknown disse...

Desculpa, mas não chega de saudade, não. Eu, que sou jornalista da nova geração e tive a sorte de crescer ouvindo e vendo histórias dessa época, lamento muito não ter vivido esse jornalismo. E lamento mais ainda que meus coleguinhas atuais não se preocupem com um bom texto, não levem lealdade a sério e nem tenham grandes idéias a defender.

Pra mim, não chega de saudade, não. Ao contrário: é essa saudade que ajuda a enfrentar o jornalismo de agora, tendo esse pessoal do velho JB como referência.

Anônimo disse...

Pedreco,

Tomara que você tenha razão.

Eu, de minha parte, já dei muito murro em ponta de faca.

Acho que mudaram, não importa se para melhor ou pior:
- as condições da competitividade,que arruínam não só os salários mas as relações ente as pessoas
- a urgência de publicar, que acaba sendo o preço (alegado?) da qualidade
- a concentração X pulverização da imprensa - os grandes são muito poucos, e meio que podem fazer o que querem; enquanto isso, os pequenos proliferam demasiadamente, numa competição infernal, vivendo da mão para a boca e tendo como interesse primordial e quase único a sobrevivência
- o espírito da época - por exemplo: hoje um bom português é pedante, os conceitos éticos são outros, etc

Creia que, na vida real, dói mais que esta "análise", com todas as aspas.

PS: O JB II estava lá no encontro.

arthur disse...

Por falar em saudade: imagine que hoje expliquei para minha guia aqui em Sao Petersburgo onde havia um Museu com a hist'oria da revolucao russa para ela me levar!!! Pode?
Museu vazio. histo'rias drama'ticas. Emocionante e triste.
Saudades?