segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Nenen

Um estudo realizado há alguns anos revelou que a dor mais forte que o ser humano pode sentir é a perda de um filho. Concordo. E concordaria mesmo sem ter lido esse estudo, pois já vivi essa terrível experiência.


Mas o que a “diferencia” das outras dores, além da intensidade devastadora inicial (início que pode durar até anos)? É a permanência. A terapia ajuda a curar as feridas, a elaborar a dor, a continuar vivendo. Os outros filhos te enchem de alegria. Mas, mesmo com tudo isso, basta um pequeno detalhe para você sentir, nem que seja por um pentelhésimo de segundo, aquela dor de novo. Eu nunca mais pude ouvir “Pedaço de mim”, do Chico. Simples assim.

Neste momento estou muito triste. Minha gatinha, Nenen, morreu nesta madrugada. Tenho quatro gatos, mas a Nenen era especial: miúda, delicada, carinhosa, adorava um chamego. Nem parecia gato, pois eles, em geral, são meio ariscos; só se aproximam quando querem.

O que tem a ver a perda de um filho com a perda de um bicho? Tudo, pelo menos para mim. Pois os meus gatins são também como filhos. E, no meu sofrimento, não há dor relativa. Ela é sempre absoluta.