sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A barreira dos 50

Gladis Costa*

Cheguei a conclusão de que 50 só pode ser igual a 2 x 25 na matemática. Na vida real mesmo, uma mulher de 50 não será nunca equivalente a 2 mulheres de 25 ( a não ser no peso, mas daí é outra história). Se você vai procurar um emprego, e diz que tem por volta de 50 anos (meu caso), ninguém te considera assim uma "Brastemp" de experiência, muito pelo contrário, na cabeça de alguns recrutadores, 50 significa que esta pessoa ou é cara ou não tem aquele pique que os milhões de universitários, ávidos por um primeiro emprego a qualquer custo, têm.

Já ouvi de head hunter a seguinte frase: "Olha, você tem uma vivência fantástica, é tudo o que consideramos que a empresa necessita, mas o cliente quer alguém entre 30-35 anos, no máximo". Tive vontade de perguntar: "O cliente por acaso está procurando uma noiva?" Porque eu só quero um trabalho, uma atividade onde possa exercer meus talentos, que não são poucos, (modéstia totalmente à parte) e mais nada. Não sei se com os homens a coisa funciona assim também. Não creio.

É por estas e outras que a gente vê uns chefes por aí que têm idade para ser - digamos, nossos filhos. E, ao nos entrevistar, deve pensar assim: Peraí, eu aqui um Super Motorola V8 e esta mulher com conhecimento que cabe num mainframe vai trabalhar aqui? Perto de mim? Nem pensar!!! Tenho certeza que às vezes causamos um certo temor nos chefes novinhos que existem por aí, não tirando o mérito de ninguém, porque acho que todo mundo tem seu espaço e expertise. Mas não é a idéia, de verdade, só queremos um lugar ao sol, que aliás já foi nosso uma vez.

A mulher de 50 tão múltipla em conhecimento, experiência, envolvimento e comprometimento, tão plena, tão cheia de idéias, de repente se vê numa pista onde só correm os mais novos, porque é isto mesmo, é uma competição, mas não é uma competição onde todos saem do mesmo ponto de partida. Não. Me dá a impressão de que às vezes até estou na frente deles, mas aí alguém me avisa que eles já estão na 3a. ou 4a. volta, e eu só estou na primeira.

Ah, se eles soubessem o que eu sei!

* Gladis Costa é consultora de marketing.

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9 comentários:

Anônimo disse...

Gladis

Pura verdade..... e uma verdade bem triste. Mas o mesmo acontece com os homens. Meu marido e alguns conhecidos tambem sofreram na lista de espera procurando por um emprego com um salario razoavel. Por outro lado, os "avidos recem formados" aceitam baixos salarios o que faz a vida de alguns cinquentistas uma verdadeira "miseria"

Anônimo disse...

Hey Gladis

This is Lance. Congrats! Nice stuff.

Anônimo disse...

Dá-lhe Abigail! Minha escritora favorita!

Yves

Unknown disse...

é uma pena que esta seja a triste realidade, mas o pior é que percebo que isso tende a piorar...quem sabe a internet pode unir diversas expertises de profissionais assim que ainda continuam desconectados e que estejam dispostos a montar seus próprios negócios, quem sabe?!

Anônimo disse...

Ceila,
Concordo com você e acho que o caminho é por aí.
Vera

Unknown disse...

eis a resposta, talvez, troca, colaboração, união de competências, diversidade. Acredito muito nesta saída e fico feliz com este retorno!

Julio Moreira disse...

Gostei do blog, gostei da conversa.

Quando a personagem falou: "os caras que aparecem são todos uns duros, recem saídos de relacionamentos, traumatizados e procurando garotas" eu fiquei pensando que voces não poderiam expor minha vida, assim.

rs

A Ceila Costa tem uma proposta legal.

Julio Moreira disse...

desculpe, Ceila Santos.

Anônimo disse...

oi Gladis, como sempre, parabéns pelo artigo, muito bem escrito. Vi uma reportagem outro dia de que as vagas no mercado para profissionais acima dos 40 anos está crescendo muito. A reportagem dizia que as empresas se arrependeram de contratar tantos jovens ávidos, mas inexperientes. Será a revanche?