domingo, 22 de junho de 2008

O barato do exercício


Hoje, com a cultura da saúde na ordem do dia, freqüentar uma academia de ginástica é de lei. Elas pululam na cidade, uma a cada quarteirão, às vezes mais. No entanto, houve um tempo em que a então chamada “educação física” existia, para a maioria das pessoas, apenas como disciplina obrigatória na escola.

Mas não para mim, que morei em casa e passei a infância de pé no chão. Sempre gostei de me movimentar: subia em árvore, jogava queimado, futebol (o que fazia com que os dedões estivessem sempre esfolados), volei, o que aparecesse. Na adolescência, toda aquela energia foi sendo canalizada para outras atividades como festas, namoros, etc. E, na universidade, para o exercício mental, o único admitido pela minha geração. Por um tempo, claro.

Acredito na teoria da memória muscular. Só ela pode explicar o que me levava, aos 23 anos, a me despencar de Santa Tereza, onde morava, para fazer ginástica em Ipanema. Como não tinha carro, pegava dois ônibus: um para descer o morro até o centro e outro para a zona sul. E não tinha outro jeito senão gastar pelo menos uma hora de viagem, pois academia de ginástica era coisa rara – Ipanema, por exemplo, só tinha duas. Ah, e tudo isso na maior moita. Não passava pela minha cabeça que, numa época de virar noites em bares esfumaçados, drogas e roquenrol, alguém do meu círculo mais próximo pudesse entender aquela minha, digamos, “necessidade”.

No início dos anos 80, o cenário mudou. Houve o boom das academias, impulsionado em boa parte pela atriz Jane Fonda, em fase pós-ativismo político. Mas justamente naquele momento em que a ginástica começava a se disseminar, cansei. Para mim, o encanto tinha acabado. Odiei as salas muito cheias, as aulas “marombadas” e sem criatividade.

Meio que na contramão da geração saúde, fui fazer ioga. Que, na época, era pronunciada com ó aberto e no feminino. Era “a” ioga. Depois, vieram a expressão corporal, a biodança, caminhada, meditação, RPG, hidroterapia... Mas a tal da “memória muscular” volta e meia me cutucava. E me arrastava para curtas temporadas na academia (bem pequena) ao lado da minha casa.

Bem, depois de muitas idas e vindas, de acordo com os altos e baixos do humor, cá estou de novo na academia. E, desta vez, tenho certeza de que é prá ficar. Adoro tanto a energia da corrida como os movimentos lentos, conscientes e vigorosos da musculação. Hipocondríaca assumida e jornalista (agora) da área de saúde, conheço de cor e salteado todos os benefícios do movimento para uma vida saudável, das endorfinas para o humor, dos exercícios com carga para o fortalecimento ósseo, etc. Mas acho que a melhor motivação para a atividade física ainda é a que foi dada pelo guitarrista Keith Richards, depois de conseguir se livrar de anos de consumo de drogas pesadas. O famoso Rolling Stone, disse em uma entrevista: descobri que o maior barato é corrida e banho frio.


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Um comentário:

Anônimo disse...

Sou "rata" de Academia! Entrei numa, pela primeira vez, ha 29 anos, depois da gravidez do primeiro filho. Comecei desconfiada, afinal todo mundo "sarado" e eu, cheia daquelas gordurinhas teimosas pos parto! Para piorar tudo, haviam aquelas malditas aulas de aeróbica, cheias de coreografias que eu, (nunca tive muita coordenaçâo motora) fazia os movimentos para o lado contrário.Pensei em desistir, pois trabalhava e naquela época, não me passava pela cabeça malhar à noite. Portanto,tinha que ser às 6 da matina(uma tortura!!). Quando a decisão de abandonar tudo já estava tomada...veio o primeiro elogio... e de uma mulher... Oba! Esse negócio funciona! Ser elogiada por uma mulher?!Resolvi, então, tentar mais um pouco, até que percebi que estava viciada em endorfina!! Quando faltava, meu metabolismo reclamava,quando voltava, eu, além de me sentir bem fsicamente, percebi que fazia bem pra meu equilíbrio emocional e claro, o corpo agradecia. Mais tarde comecei fazer YOGA, e percebi que podem ser atividades complementares,uma contrai, outra alonga. Hoje, frequentar Academia faz parte da minha rotina, me faz sentir jovem e viva, estou sempre em contato com pessoas, sou "terapeuta" dos meus instrutores e não duvide, correndo na esteira, resolvo(e crio também) um monte de problemas, o que me faz suportar as saudades do meu terapeuta que, entre uma alta e uma recidiva, caridosamente, "emprestei-o" para minha irmã. Estava se divorciando! E la se vão 8 anos! Ha!! Se não fossem minhas horas na esteira...